segunda-feira, 23 de março de 2015

Como o feminismo beneficia a mulher branca acima das outras mulheres

Modificado a partir do original de Nick Chiles

Os mais recentes comentários de Patricia Arquette logo após ter vencido um Óscar, salientaram a longa divisão racial que existe dentro do movimento feminista. Isto foi o que Arquette disse:

Portanto, a verdade é que, embora nós possamos sentir que temos direitos iguais na América, um pouco abaixo da superfície existem questões em jogo que afectam de modo real as mulheres. E chegou a hora de todas as mulheres na América, e de todos os homens que amam as mulheres e de todos os homossexuais, e de todas as pessoas de cor por quem nós tanto lutamos, de lutar agora por nós!

Claramente que na sua mente de Patricia Arquette o "nós" não incluía as mulheres Negras visto que estas já estavam incluídas no grupo das "todas as pessoas de cor por quem nós tanto lutamos". Eis então cinco evidências que confirmam que o feminismo é um movimento criado para o benefício exclusivo da mulher branca da classe média-alta (tal como Patricia Arquette):

1. O Movimento Não Inclui as Experiências das Mulheres Negras.

As mulheres negras que participaram no movimento feminista durante os anos 60 depararam-se frequentemente com um tipo de racismo que assumia a forma de exclusão: segundo a revista "The Thistle", do "Massachusetts Institute of Technology", as mulheres negras nunca eram convidadas para participar em painéis de conferências que não estavam focados especificamente nas mulheres negras ou nas mulheres do Terceiro Mundo.

Semelhantemente, elas não se encontravam igualmente, ou proporcionalmente, representadas nos departamentos de estudos femininos das faculdades, e nem havia disciplinas especificamente dedicadas a estudar a história da mulher negra. Na maioria dos escritos do movimento das mulheres, as experiências da mulher branca da classe média-alta eram descritas como "experiências femininas" universais, ignorando de modo claro as diferenças entre as experiências que existem entre as mulheres negras e as mulheres brancas (consequência da etnia e da classe social).

Para além disso, as mulheres negras mais conhecidas eram frequentemente tratadas como símbolos; o seu trabalho era aceite como representativo "da" experiência negra, e o mesmo raramente era criticado ou questionado.

2. As Feministas Brancas Não Admitiam o Seu Racismo.

Parte da frustração que a maioria das mulheres negras dentro do movimento das mulheres sentia era a falta de vontade das feministas brancas em admitir o seu racismo. Segundo o The Thistle, esta falta de vontade vem do sentimento de que aqueles que são oprimidos não podem oprimir os outros. As mulheres brancas acreditavam que devido à opressão que elas sofriam por parte dos homens brancos, elas eram incapazes de assumir o papel dominante na perpetuação do racismo dos brancos.

Mas é por demais óbvio que elas absorveram, apoiaram e até promoveram ideologias racistas, chegando até a agir de modo individual como opressoras racistas. Tradicionalmente, a esfera de influência feminina tem-se estendido para fora de casa, e não é acidental o facto, em 1963, sete vezes mais mulheres de cor do que mulheres brancas (das quais 90% eram negras) se encontrarem empregues como trabalhadoras domésticas privadas.

As feministas brancas olham para os homens brancos (e nunca para si mesmas) como parte da sociedade patriarcal, racista e classista dentro da qual todos nós vivemos.

3. Todos os Movimentos das Mulheres Foram Fundamentados no Racismo.

Não só as feministas brancas se recusaram em reconhecer a sua habilidade para oprimir as mulheres de cor, como algumas alegaram que elas sempre haviam sido anti-racistas. A falecida escritora feminista Adrienne Rich alegou:

As nossas ancestrais brancas....frequentemente colocaram em causa o patriarcado ... não para benefício próprio, mas para o benefício dos homens negros, das mulheres negras, e das crianças negras. Nós temos uma forte tradição feminina anti-racista.

Mas Bell Hooks salientou que "existem poucas evidências históricas que documentam a alegação de Rich de que as mulheres brancas, como um grupo colectivo ou como defensoras dos direitos das mulheres, fazem parte duma tradição anti-racista.”

Todos os movimentos das mulheres nos Estados Unidos foram construídos sobre um fundamento racista: sufrágio feminino para as mulheres brancas, a abolição da escravatura como forma de fortalecer a sociedade branca, o movimento de temperança como forma de elevação moral da sociedade branca. Nenhum destes movimentos era para a emancipação da mulher negra ou para a igualdade racial; em vez disso, e tal como afirmado pela revista "The Thistle", eles emergiram dum desejo de fortalecimento da sociedade ou da moral branca, ou dum desejo de elevar a mulher branca dentro da sociedade.

4. O Movimento Focou-se Exclusivamente nas Preocupações das Mulheres Brancas da Classe Média-Alta.

Tal como salientado pela escritora Kerilynn Engel, uma das principais batalhas da segunda vaga do feminismo era o de permitir que as mulheres trabalhassem fora de casa - em vez de se esperar delas que cumprissem o papel de donas de casa e o papel de mãe. Mas as mulheres negras nunca se poderiam identificar com esta realidade porque elas tinham um historial de escravatura e de trabalho forçado. A maior parte delas nunca teve a escolha de ficar em casa a cuidar do lar e dos filhos porque elas não tinham essa liberdade.

Semelhantemente, o foco nos direitos abortivos ignorou a história e a realidade das mulheres de cor que no passado haviam visto negado o seu direito de ter filhos, ou haviam visto os seus filhos a serem retirados delas.

5. As Feministas Assumiram que Todas as Suas Líderes Seriam Mulheres Brancas.

As mulheres com quem falar, tais como Betty Friedan e Gloria Steinem, eram tidas como as porta-vozes do movimento feminista embora elas não tivessem como, e nem pudessem, representar as preocupações de todas as mulheres.

Segundo a escritora Kerilynn Engel, feministas negras tais como Flo Kennedy e Dorothy Pitman Hughes, que também falavam do racismo, não eram frequentemente colocadas em posições de destaque como líderes do movimento feminista. Nunca foi assumido que elas pudessem representar os interesses das mulheres brancas, mas só o contrário (as mulheres brancas a representar os interesses das mulheres negras).

http://goo.gl/5ZrG4J.



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